Atividades Lúdicas em Projeto de Educação Ambiental em Uma Unidade de Conservação

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Alcione Pereira Martins;Juliana Martins De Mesquita Matos;Kennya Mara Oliveira Ramos;Rosana De Carvalho Cristo Martins;

Resumo

O trabalho de educação ambiental dentro de uma unidade de conservação é de suma importância, devido ao valor que esses lugares especiais têm, pois foram criados com o intuito de conservar a natureza, porém o ser humano age sempre com atitudes que contradizem os objetivos de uma unidade de conservação. Por essa razão a conscientização ambiental não é só importante como também necessária. O presente trabalho objetivou investigar a funcionalidade de atividades lúdicas como ferramenta adicional no processo de ensino-aprendizagem, permeando objetivos de Educação Ambiental, junto à unidade de conservação Parque Nacional de Brasília. Foram elaboradas e aplicadas atividades lúdicas e sondagem de opiniões por meio de questionários em relação às práticas realizadas. Acredita-se que através das atividades lúdicas as pessoas desenvolvem habilidades e formam sua identidade, de maneira natural. Nesse sentido, as atividades práticas que enfocam a educação ambiental são de extrema importância, pois estimula o envolvimento com as questões ambientais de forma agradável, espontânea e intensa.

Palavras-chave

Educação Ambiental, Unidade de Conservação, Atividades Lúdicas

Introdução

Educação Ambiental – EA é um processo no qual as pessoas aprendem como funciona o ambiente, como dependem dele, como o afetam e como promovem a sua sustentabilidade. É necessário conhecer os objetivos de um projeto de Educação Ambiental, que consiste em: consciência, conhecimento, comportamento, habilidade e participação (sendo estes interligados), para que se consigam bons resultados. (DIAS, 2004).

A Educação Ambiental exercida em Unidades de Conservação (UC) propicia a inter-relação dos processos de aprendizagem, sensibilização, questionamento e conscientização em todas as idades, e a utilização dos diversos meios e métodos educativos para transmitir o conhecimento sobre o ambiente e enfatizar de modo adequado atividades práticas e sociais (GUIMARÃES, 1995).

Algumas importâncias do lúdico no ensino-aprendizagem são: facilitar a aprendizagem; ajudar no desenvolvimento pessoal, social e cultural; colaborar para uma boa saúde mental, preparar para um estado interior fértil; facilitar o processo de socialização; propiciar uma aprendizagem espontânea e natural e estimular a crítica e a criatividade (TESSARO, 2009). É uma pratica que privilegia a aplicação da educação que visa o desenvolvimento pessoal e a atuação cooperativa na sociedade, além de ser também instrumento motivador, atraente e estimulante do processo de construção do conhecimento (PATRIARCHA-GRACIOLLI, 2008).

A atividade lúdica em termos de educação ambiental vem se mostrando uma ótima alternativa de trabalho de formação docente, considerando-se o prazer e o divertimento na atividade, além do aprofundamento conceitual por meio da diversão (EVANGELISTA, 2008).

Dessa forma, o presente trabalho objetivou investigar a funcionalidade de atividades lúdicas como ferramenta adicional no processo de ensino-aprendizagem, permeando objetivos de Educação Ambiental, junto à uma unidade de conservação Parque Nacional de Brasília.

1. Metodologia

O estudo foi implantado no Parque Nacional de Brasília, com os educadores que participam do curso de “Educação Ambiental para Educadores”, promovido pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio. O Parque Nacional de Brasília, também conhecido como Água Mineral fica localizado numa região divisória de três bacias hidrográficas: Amazônica, do Prata e do São Francisco, à 10 quilômetros do centro de Brasilia/DF, o parque tem uma área de 30 mil hectares de preservação ambiental. Considerado uma excelente opção de lazer, o parque oferece duas piscinas de água mineral e corrente, espaço para piqueniques à sombra de árvores, além de passeios e trilhas nas matas. A flora local é variada por causa da região de cerrado em que se encontra. São 700 espécies de plantas (entre elas canela-de-ema, embaúba e pequi).

As atividades lúdicas foram implementadas dentro do curso, iniciamos o trabalho com uma dinâmica chamada “ O que vejo no meu caminho?” essa atividade objetivou avaliar a capacidade de observação em relação ao espaço físico e seus componentes, medindo a frequência com que presenciam determinadas situações e “cenas”; perceber a sensibilização delas em relação ao conteúdo das paisagens e investigar se há um possível direcionamento da percepção para aspectos naturais ou artificiais. Para a execução dessa atividade os participantes foram divididos em duplas e apresentaram imagens aleatórias do meio ambiente, contendo uma vasta gama de objetos e cenas cotidianas. Propôs que eles selecionassem, dentre as imagens, aquelas que representassem “cenas” presenciadas por elas no cotidiano. Tais imagens foram expostas, e os participantes motivados a realizar uma comparação sobre o conteúdo. Finalmente, elas foram questionadas sobre seus desejos em relação às cenas retratadas nas imagens selecionadas. Mais uma vez os educadores foram postos a perceberem o ambiente que os rodeia, perceber imagens, objetos que estão acostumados a visualizar no dia a dia e compararem como aquele objeto/imagem pode interferir no meio ambiente.

A próxima atividade também uma dinâmica, denominada “ Equilíbrio Dinâmico dos Ecossistemas” além de ser uma brincadeira divertida, teve por objetivo permitir aos participantes uma reflexão a respeito do equilíbrio natural dos ecossistemas e dos principais fatores que podem causar o seu desequilíbrio.

Os participantes ficam posicionados em 2 filas com o mesmo número de pessoas, de frente uma para a outra. Uma das filas representa o ambiente (cerrado), e a outra fila representa os animais que fazem parte desse bioma. O monitor, então, apresenta os 3 gestos que cada participante fará durante a brincadeira: a) abrigo: os participantes devem erguer os dois braços, formando uma representação de telhado sobre a cabeça; b) alimento: as duas mãos devem ficar sobre o estômago, como se a pessoa estivesse com fome; c) água: as duas mãos devem ficar em concha, sobre a boca, como se a pessoa estivesse tomando água.

Os participantes da fila do ambiente estarão proporcionando cada uma dessas coisas aos animais; e estes estarão procurando esses mesmos elementos no ambiente. As filas se colocarão de costas para o centro e, ao sinal do monitor, cada participante, em ambas as filas, faz o gesto que escolher, se virando ao mesmo tempo para o centro. Cada participante da “fila dos animais” deve correr imediatamente para o participante da “fila do ambiente” que estiver com o mesmo gesto que o seu (a fila do ambiente não se move), sendo que cada elemento do ambiente só pode suportar um animal de cada vez. Os participantes não podem mudar os gestos escolhidos inicialmente e, portanto, quem não achar um participante com o gesto igual ao seu, sai da atividade. Foi muito divertido e no final, falou-se um pouco da experiência, reforçando conteúdos sobre conservação da biodiversidade, diminuição ou extinção de uma população de animais ou plantas, oferta e demanda de recursos.

Como ferramenta de avaliação, foram utilizados questionários. Os participantes das atividades receberam uma folha de papel com três perguntas fechadas:

1. Qual o nível de importância da aula ministrada, em sua opinião?

2. Quanto numa escala de 1 a 10, você julga ter entendido do assunto apresentado?

3. Você conseguiria explicar a outra pessoa o que aprendeu nesta aula?

Resultados e Discussões

O questionário é um instrumento de recolha de informações, utilizado numa sondagem ou inquérito. Sua aplicação possibilita uma maior sistematização dos resultados obtidos, permite uma maior facilidade de análise bem como reduz o tempo que é necessário despender para recolher e analisar os dados (AMARO, 2005).

Embora nem todos os projetos de pesquisa utilizem o questionário como instrumento de (recolha) e avaliação de dados, este é muito importante na pesquisa científica, especialmente nas ciências da educação (AMARO, 2005). As opiniões coletadas estão descritas a seguir. Foram coletadas opiniões de 27 educadores.

Quadro 1 – Questionário aplicado aos participantes das atividades lúdicas promovidas no Parque Nacional de Brasília;

Pergunta 08/Sim 09/Não 10
Qual o nível de importância da aula ministrada, na sua opinião? 9% 91%
Quanto numa escala de 1 a 10, você julga ter entendido o assunto do qual falamos? 5% 27% 68%
Você conseguiria explicar a outra pessoa o que aprendeu nesta aula? 100%

A oportunidade de poder se expressar através da arte, criando, compartilhando, ajudando, interagindo, sendo útil é capaz de desenvolver a criatividade e ajudar as pessoas a expressar determinado contexto. A participação de todos nas atividades foi bastante significativa, pois eles se interessaram pelo tema abordado, expuseram suas idéias. Estas atividades proporcionaram aos participantes assimilar dados, transformá-los em conhecimento e transmitir informações.

No contexto da educação ambiental as atividades lúdicas aparecem como tática a serem aplicadas em educadores que se interessam em promover a interação homem/natureza, através de aulas dinâmicas, pois estas constroem uma base sólida para toda vida, sendo capazes de atuar no desenvolvimento cognitivo e emocional de forma natural e harmônica.

Conclusão

As atividades lúdicas como ferramenta adicional no processo de ensino-aprendizagem se apresenta como alternativa eficiente de educação ambiental em unidade de conservação, já que o ato de brincar é o caminho natural do desenvolvimento humano sobre o ambiente e enfatizar de modo adequado atividades práticas e sociais.

Referência Bibliográficas

  • AMARO, A. et Al. A arte de fazer questionários. Porto: Faculdade de Ciências da Universidade de Porto, 2005.
  • BORGES, J.M.S. ORLEANS, R. A evasão escolar e a falta de motivação em sala de aula: o papel da didática aplicada. Salvador: Universidade federal da Bahia, 2009.
  • DIAS, G. F. Educação Ambiental: Princípios e Prática. São Paulo: Editora Gaia, 2004.
  • EVANGELISTA, L. M. SOARES, M.H.F.B. Educação Ambiental e Atividades Lúdicas: Diálogos Possíveis. Paraná: XIV Encontro Nacional de Ensino de Química, 2008.
  • GUIMARÃES, Mauro. A dimensão ambiental na Educação. Campinas: Papirus, 1995. 107 p.
  • PATRIARCHA-GRACIOLLI, S.R. et AL. “ Jogo dos predadores”: uma proposta lúdica para favorecer a aprendizagem em ensino de ciências e educação ambiental. Revista eletrônica Mestrado em Educação Ambiental, v. 20, 06/2008, p. 202-216.
  • TESSARO, J. P. Discutindo a importância dos jogos e atividades em sala de aula. Disponível em: <http://www.psicologia.com.pt/artigos/textos/A0356.pdf> Acesso em:http://www.psicologia.com.pt/artigos/textos/A0356.pdf, Acesso em: mar.2009. mar.2009.
MINICURRÍCULO DOS AUTORES

ALCIONE PEREIRA MARTINS. Esp. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (Universidade de Brasília, UnB);

JULIANA MARTINS DE MESQUITA MATOS. Ms. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (Universidade de Brasília, UnB);

KENNYA MARA OLIVEIRA RAMOS. Ms. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (Universidade de Brasília, UnB);

ROSANA DE CARVALHO CRISTO MARTINS. Dra. Professora titular do Departamento de Engenharia Florestal (Universidade de Brasília, UnB);

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